quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Amor com utilidades

Hoje estava lendo um livro abandonado por mim há algum tempo e eis que me deparo com uma reflexão sobre o amor com utilidades.

"Há sempre um perigo no amor que tem utilidade. Enquanto o outro exerce alguma função na nossa vida, corremos o risco de não experimentar o amor gratuito. ... a utilidade pode parecer amor, mas não é. Amor que se fundamenta na utilidade que o outro tem corre o risco de se transformar em abandono num futuro próximo." Fábio de Melo. Tempo de Esperas, pg 43.


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Sobre a pesquisa que tenho feito a respeito do inferno

Pergunta:
O judaísmo acredita em Céu e Inferno?
Resposta:
O judaísmo tem um conceito de recompensa e punição após a vida. Entretanto, como as palavras que usamos trazem determinadas imagens à mente, especialmente "Céu" e "Inferno," é melhor usar a terminologia judaica que vem sem esta bagagem.
Quando alguém morre, sua alma deixa este mundo sensorial e entra no "Gan Eden," o Jardim do Éden espiritual (também conhecido como "Céu"). No Jardim do Éden, a alma desfruta os "raios da Divina Presença," um deleite puramente espiritual, dependente do estudo de Torá e atos de bondade feitos quando ela se encontrava no corpo. Todos os anos no yahrzeit, o aniversário de falecimento, a alma se eleva a outro nível aproximando-se mais de D’us. Isso lhe proporciona imenso prazer. Antes de entrar no Jardim do Éden, porém, toda alma deve ser refinada, pois não consegue apreciar totalmente a Divina Presença se ainda tiver os prazeres e grosserias de nosso mundo físico. Estes darão à alma uma má "recepção" da Divina Radiância, e devem ser removidos.
A fim de restaurar o nível de pureza que a alma possuía antes de entrar no mundo físico, deve passar por um processo de refinamento comparável ao grau de indulgências que o corpo possa ter concedido a si mesmo. Se a pessoa pecou durante sua vida, como a maioria de nós, teremos séria interferência no "céu". Isso significa que há ainda mais purificação a ser feita. Este processo de limpeza dói, mas é um processo espiritual planejado que permite que a pessoa aprecie realmente sua recompensa no Gan Eden. Este processo é chamado "Gehinom" ou, no vernáculo, "Inferno."
http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/1595160/jewish/Cu-e-inferno.htm


ACREDITAM OS JUDEUS NO CéU E NO INFERNO?

MORRIS KERTZER
Houve tempo em que a idéia do céu e do inferno teve acolhida generalizada na teologia judaica. Embora não contenha qualquer referência direta a um futuro mundo concreto ou físico, o Antigo Testamento faz algumas vagas e poéticas alusões a uma vida posterior. E durante o período da dominação persa sobre Israel, diversos ensinamentos do Zoroastro, entre os quais a noção de um céu e um inferno futuros, tornaram-se populares entre os judeus.
Hoje, estes acreditam na imortalidade da alma - uma imortalidade cuja natureza só é conhecida de Deus - mas não aceitam um conceito literal do céu e do inferno.
Os judeus sempre se preocuparam mais com este mundo do que com o outro e sempre concentraram seus esforços religiosos na criação de um mundo ideal para nele viverem.


http://colecao.judaismo.tryte.com.br/livro1/l1cap07.php

sábado, 29 de novembro de 2014

Não sou descartável

As empresas, a mídia, as forças, os poderes, as relações interpessoais, as instituições e até as pessoas nos fazem sentir descartáveis todos os dias.
Não sou plástico ou barro para ser moldado por uma sociedade que não tem identidade própria, por pessoas que não sabem sequer o que são.
Eu sou humano, sou uma pessoa e não um copo descartável. O meu valor não é mensurado pelo que tenho e muito menos pelo que conquistei. O meu valor é intrínseco, ele é dado como inestimável no momento em que meus pulmões se encheram de ar pela primeira vez, no momento em que pude gritar para o mundo ouvir a minha voz pela primeira vez, foi o recado que desde o início de minha vida impus.
Que o mundo perceba; não me calarei, não aceitarei de modo passivo suas imposições. Eu sou único, e como tal, imponho o meu desejo e a minha vontade, e que as forças estabelecidas por ele se lembrem do recado que dei no primeiro momento de minha vida. O recado é esse: NÃO SOU MAIS UM!

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Ele Vive

Que música linda! Agora às 23:11 acabo de ouvir esta, que se fez a pouco, a música mais bela e infinitamente a foi, até que se foi com o final dela mesma. Eis a letra, compartilho com vocês, pois vale a pena, pelo menos valeu para mim, tê-la como parte do meu dia.

Ele Vive
Leonardo Gonçalves

Hoje é domingo de manhã,
Hoje o sol não quer brilhar
Tudo é solidão...
E elas vêm dizer:de madrugada ressurgiu

Não acredito em ilusões,
O sol da justiça se apagou
O mundo inteiro viu
Os cravos em suas mãos,
O seu corpo a sofrer,
Sua morte lá na cruz não consigo entender
E agora este túmulo vazio,
Esse anjo a questionar:
Porque procuro entre os mortos quem vivo está?

E hoje sou livre, pois Ele vive
Ele vive, Ele reina em mim, Em mim
Morte e pecado foi derrotado
E eu sou livre, eu sou livre enfim, de mim

Como Jesus ressuscitou
Da morte eterna para luz
Da água renasci
E faz sentido servir
Alguém melhor que eu

E hoje sou livre, pois ele vive
Ele vive, Ele reina em mim
E os que descansam no senhor
Quando voltar despertarão
E em sua carne enfim verão a Deus

Hoje sou livre, pois Ele vive
Ele vive, Ele reina em mim, em mim
Morte e pecado foi derrotado
E eu sou livre, eu sou livre enfim, de mim

Todos os dias de manhã
Quero renascer

sábado, 11 de outubro de 2014

Um pouco do que li hoje

Sobre um dos pontos da teoria de Horkheimer: "mesmo tendo produzido as condições necessárias para a construção de uma sociedade mais racional e capaz de erradicar a miséria, a organização socioeconômica ameaça transformar-se em barbárie. Chamar a atenção para o fato de que os homens têm o compromisso de edificar uma sociedade mais justa é o que pretende o criador do materialismo interdisciplinar" (SILVA, pg. 51, 2011)
SILVA, Rafael Cordeiro. Marx Horkheimer: teoria crítica e barbárie, Uberlândia-MG, EDUFU, 2011

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Em relação ao segundo turno das eleições presidenciais

O que escrevo agora é direcionado aos meus amigos cristãos. Ontem vi num post o comentário de uma cantora gospel, e não foi a única, dizendo que já que a Marina não ganhou que deveriam votar no Aécio, mesmo ele sendo maçon, estavam demonizando a Dilma e o PT. (O detalhe de ser maçon não vem ao caso nesse momento, só estou descrevendo o que li.)
Penso diferente dessas pessoas, eu vejo nesses comentários duas coisas. A primeira é que o conservadorismo, a falsa aparência de cristão e o legalismo está em primeiro lugar naqueles que querem o Aécio como presidente.
Em Tiago 1:27 está escrito: "A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo."
Na primeira parte do versículo vemos a necessidade das obras sociais. Quem se diz cristão e não se preocupa com os que passam fome e vivem na miséria não é de fato um cristão, e quem está preocupado com o legalismo religioso, muitas vezes se esquece de que na época de Jesus, os religiosos é que o perseguiram.
A segunda parte do versículo fala de corrupção. Nessa parte os dois candidatos se encontram em situação delicada, apesar da Dilma ter uma vantagem. O caso da Petrobrás não a acusa diretamente e trata-se de milhões. No caso do Aécio se trata nada menos que R$4,3 bilhões desviados da área da saúde e até agora não se sabe o destino final desse dinheiro.
Nosso país precisa eliminar de vez a corrupção e creio que isso só será possível através de um longo processo de amadurecimento político da população. Meu voto é da Dilma do PT, o mesmo partido que tirou mais de 30 milhões de pessoas da extrema miséria, que tirou o país do mapa da fome na ONU.
Temos muito que mudar, mas eu prefiro fazer isso com quem se preocupa com questões sociais, com a vida dos mais necessitados.
O cristianismo não são só boas ações (programas sociais), mas elas são parte fundamental dele. Nem todos que fazem obras sociais são cristãos, mas é dever de todo cristão fazer, de alguma forma, obras sociais.
As leis religiosas podem nos cegar, mas que a luz, que é a verdade possa trazer novamente a visão aos que estão cegos.

Eu prefiro parecer um herege sendo um cristão do que parecer um cristão não sendo um de fato.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Indignação com um religioso mal intencionado

Hoje de manhã, li um tweete de um pastor famoso, chamando os candidatos que se posicionam mais para programas sociais de comunistas. Não aguentei e comecei a twittar. Eis minhas palavras: 
Tem pessoas que usam linguagem simples, se porta como uma pessoa de pouca instrução para enganar as pessoas
Chamar alguns de comunistas pelo simples fato de querer políticas com enfoque mais social é tão baixo que não merece maior comentário
Aos falsos profetas, falsos pastores, que buscam apenas o conservadorismo lhe dou meus "parabéns"
Mas, me pergunto: conservar o que? sendo que a maior parte da população não tem bens nem riquezas para conservar
Temos que refletir o que é melhor para as pessoas e não para as empresas e os empresários, digo as pessoas e não p/ o Estado ou governo
Não escrevi mais para não falar besteira. Fiquei pasmo como a pessoa dissimula e engana tanta gente. Por trás da imagem de boa pessoa, usa seus liderados como massa de manobra, manipulação barata. Usa o horário de seu programa, que tem por objetivo divulgar o evangelho (bom, pelo menos é isso que ele fala quando precisa de ofertas para se manter no horário), para impor suas opiniões políticas, e ainda fala como se só quisesse o bem aos cristãos.
Acabei de ver em seu perfil, divulgar o nome de seu irmão (se não me engano), que é candidato a deputado estadual.
Não falarei mais sobre esse assunto, pelo menos não agora. Mas, fica aqui expressa minha indignação.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

 Algumas Amizades passam rápido,num piscar de olhos . Outras são feitas para durar até que você pisque pela ultima vez .!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Frase

As melhores e mais lindas coisas na vida não podem ser vistas, ouvidas, ou tocadas, mas sentidas pelo coração.
Helen Keller

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Sabes o que é viver?

Você algum dia já sentiu como se aqui não fosse mais o seu lugar?
Já se pegou pensando que, talvez nunca tenha sido, e... na verdade sempre soubesse e apenas não queria ver?
É sempre nos momentos de maior intensidade emocional, e geralmente quando se sofre, que conseguimos nos ver sem filtros, sem máscaras. E não pense que isso é de todo ruim, pois há quem nunca se veja de verdade.
Que talvez estejamos todos programados e fabular sobre si mesmos e que o seu eu seja insustentável a si mesmo!
Que a vida é feita de objetivos ditados sutilmente a você.
Que ela não passe de uma farsa, que é menor que uma ilusão.
Consegues viver por muito tempo sabendo disso? Sentindo isso? E, sentir, traz a tona tudo de mais forte que jamais pudesse imaginar. E não soubesse como conviver com isso. Com o que é mais percebido como uma dor que não passa e não pode ser curada.
Sabes o que é isso?
Consegues perceber o quão sutil e mortificante é viver?
Não no sentido de caminharmos para a morte, mas de perceber que jamais fomos vivos?
Duvido que consigas sentir o que me é subjetivo, mas acredito que possas sentir algo próximo, algo em comum, pois se jamais fomos vivos, temos algo em comum. O fato de não viver.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Tudo para mim

Hoje, por estar menos ocupado, assisti um pouco de um DVD que havia um bom tempo que não assistia. E uma das músicas me tocou de modo especial. Não só ela, mas hoje ela foi marcante.
Existem momentos tão bonitos que, penso merecer uma atenção especial. E, essa música fez do meu dia, um dia mais especial.
Vou colocar a letra, quem quiser e puder, recomendo que a leia, e mais que isso, recomendo que a ouça, pois realmente vale a pena. Não deixe, caso não creia em Deus, que e letra o impeça de ouvi-la. 


Tudo para mim 
(Ana Paula Valadão)


Tua beleza me fascina
Não posso explicar
Tudo o que sinto agora
Nem mil palavras poderiam expressar
És mais que uma canção
És mais emoção
És mais que uma mera fantasia
És meu dia-a-dia
És a minha vida, tudo para mim
Se eu visse a eternidade
Em um instante iria crer
Que este hoje vale a pena
Pois face a face vou te ver
Contigo quero estar
Preciso te abraçar
Anseio estar mais perto de Ti, meu Rei
Em meu dia-a-dia
Em toda a minha vida, és tudo para mim
És tudo para mim
És tudo para mim
Minha paz , Meu amor,
Meu refugio, Minha força
Tudo para mim
Em meu dia-a-dia, em toda a minha vida
És tudo para mim
Tudo para mim.


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Pensamento

Eu tinha a esperança de reviver meus melhores dias, meus melhores momentos, as maiores alegrias que já experimentei. Mas notei o quão nostálgico isso sempre é, e o efeito que provoca em mim.
O efeito é nocivo, e, mais atrapalha que ajuda, pois essas lembranças me impedem de viver o presente, e de fazer dele, lembranças tão boas ou melhores que as que me recordo.
Tento me desprender desse passado que mais parece meu presente, devido sua presença em minha mente em todos os momentos do meu dia.
Hoje a esperança esta cada vez menor e a incerteza toma conta do meu ser.
Espero que essa angústia termine, e, que eu volte a viver o hoje de cada dia.
Eu sei que isso acontecerá um dia, eu espero que aconteça!

sábado, 29 de março de 2014

SAWABONA!!! - Que Igreja já aprendeu isso?...


Há uma "tribo" africana que tem um costume muito bonito.
Quando alguém faz algo prejudicial e errado, eles levam a pessoa para o centro da aldeia, e toda a tribo vem e o rodeia. Durante dois dias, eles vão dizer ao homem todas as coisas boas que ele já fez.
A tribo acredita que cada ser humano vem ao mundo como um ser bom. Cada um de nós desejandosegurança, amor, paz, felicidade. Mas às vezes, na busca dessas coisas, as pessoas cometem erros.
A comunidade enxerga aqueles erros como um grito de socorro.
Eles se unem então para erguê-lo, para reconectá-lo com sua verdadeira natureza, para lembrá-lo quem ele realmente é, até que ele se lembre totalmente da verdade da qual ele tinha se desconectado temporariamente: "Eu sou bom".
Sawabona Shikoba!
SAWABONA, é um cumprimento usado na África do Sul e quer dizer:
"Eu te respeito, eu te valorizo. Você é importante pra mim"
Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA,que é:
"Então, eu existo pra você"
Agora me diga:
Que "igreja" que vc conhece tem o poder moral e de carater para dizer qualquer coisa a este povo?
"Em verdade eu vos digo que muitos... do norte, sul, leste e oeste... se levantarão no juízo e julgarão os que se chamam de filhos do reino".
Caio Fabio D'Araújo Filho


https://www.facebook.com/caiofabio.vvtv/photos/a.405308182853944.106127.405107339540695/707220175996075/?type=1&theater

segunda-feira, 3 de março de 2014

Can God be proven by reason?

"The Existence of God:


Can God be proven by reason?

"The Existence of God:

To come to this question of the existence of God: it is a large and serious question, and if I were to attempt to deal with it in any adequate manner I should have to keep you here until Kingdom Come, so that you will have to excuse me if I deal with it in a somewhat summary fashion. You know, of course, that the Catholic Church has laid it down as a dogma that the existence of God can be proved by the unaided reason. That is a somewhat curious dogma, but it is one of their dogmas. They had to introduce it because at one time the freethinkers adopted the habit of saying that there were such and such arguments which mere reason might urge against the existence of God, but of course they knew as a matter of faith that God did exist. The arguments and the reasons were set out at great length, and the Catholic Church felt that they must stop it. Therefore they laid it down that the existence of God can be proved by the unaided reason and they had to set up what they considered were arguments to prove it. There are, of course, a number of them, but I shall take only a few."

-Bertrand Russell "Why I Am Not A Christian" (1927). This essay holds the New York Public Library's list of the most influential books of the 20th century and was hailed by The Independent as "devastating in its use of cold logic". Originally it was a small speech given by Russell on March 6, 1927 at Battersea Town Hall, under the auspices of the South London Branch of the National Secular Society.


Deus podem ser provada pela razão?

"A existência de Deus: para vir a esta questão da existência de Deus: é uma questão de grande e grave, e se eu fosse a tentativa de lidar com isso de forma adequada deve ter para mantê-lo aqui até Kingdom Come, para que você terá que desculpar-me se eu lidar com isso de uma certa forma sumária da moda. Você sabe, claro, que a Igreja Católica estabeleceu isso como um dogma que a existência de Deus pode ser demonstrada pela razão sem ajuda. Isso é um dogma um tanto curioso, mas é um dos seus dogmas. Tiveram de introduzi-la, porque ao mesmo tempo, os livres-pensadores adotou o hábito de dizer que havia tais e tais argumentos que a simples razão poderia incitar contra a existência de Deus, mas é claro que eles sabiam como uma questão de fé que Deus existisse. Os argumentos e as razões pelas quais foram estabelecidos longamente, e a Igreja Católica sentiu que eles devem parar. Por conseguinte, que estabeleceram que a existência de Deus pode ser provada pela razão sem ajuda e tiveram de estabelecer o que consideravam que eram argumentos para provar isso. Há, naturalmente, um número deles, mas tomarei apenas alguns."

-Bertrand Russell, "Por que eu não sou um cristão" (1927). Este ensaio tem a New York Public Library, a lista dos livros mais influentes do século XX e foi saudado pelo The Independent como "devastador em seu uso da lógica fria". Originalmente era um pequeno discurso proferido por Russell em 6 de março de 1927 no Battersea Town Hall, sob os auspícios do ramo do Sul de Londres da National Secular Society. (Traduzido por Bing)
https://www.facebook.com/russellbertie/photos/a.10150204981937874.310621.86711477873/10152120286737874/?type=1&theater

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Aquecimento global é inevitável e 6 bi morrerão, diz cientista

James Lovelock, renomado cientista, diz que o aquecimento global é irreversível - e que mais de 6 bilhões de pessoas vão morrer neste século
por POR JEFF GOODELL
Edição 14 - Novembro de 2007
Aos 88 anos, depois de quatro filhos e uma carreira longa e respeitada como um dos cientistas mais influentes do século 20, James Lovelock chegou a uma conclusão desconcertante: a raça humana está condenada. "Gostaria de ser mais esperançoso", ele me diz em uma manhã ensolarada enquanto caminhamos em um parque em Oslo (Noruega), onde o estudioso fará uma palestra em uma universidade. Lovelock é baixinho, invariavelmente educado, com cabelo branco e óculos redondos que lhe dão ares de coruja. Seus passos são gingados; sua mente, vívida; seus modos, tudo menos pessimistas. Aliás, a chegada dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse - guerra, fome, pestilência e morte - parece deixá-lo animado. "Será uma época sombria", reconhece. "Mas, para quem sobreviver, desconfio que vá ser bem emocionante."
Na visão de Lovelock, até 2020, secas e outros extremos climáticos serão lugar-comum. Até 2040, o Saara vai invadir a Europa, e Berlim será tão quente quanto Bagdá. Atlanta acabará se transformando em uma selva de trepadeiras kudzu. Phoenix se tornará um lugar inabitável, assim como partes de Beijing (deserto), Miami (elevação do nível do mar) e Londres (enchentes). A falta de alimentos fará com que milhões de pessoas se dirijam para o norte, elevando as tensões políticas. "Os chineses não terão para onde ir além da Sibéria", sentencia Lovelock. "O que os russos vão achar disso? Sinto que uma guerra entre a Rússia e a China seja inevitável." Com as dificuldades de sobrevivência e as migrações em massa, virão as epidemias. Até 2100, a população da Terra encolherá dos atuais 6,6 bilhões de habitantes para cerca de 500 milhões, sendo que a maior parte dos sobreviventes habitará altas latitudes - Canadá, Islândia, Escandinávia, Bacia Ártica.
Até o final do século, segundo o cientista, o aquecimento global fará com que zonas de temperatura como a América do Norte e a Europa se aqueçam quase 8 graus Celsius - quase o dobro das previsões mais prováveis do relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática, a organização sancionada pela ONU que inclui os principais cientistas do mundo. "Nosso futuro", Lovelock escreveu, "é como o dos passageiros em um barquinho de passeio navegando tranqüilamente sobre as cataratas do Niagara, sem saber que os motores em breve sofrerão pane". E trocar as lâmpadas de casa por aquelas que economizam energia não vai nos salvar. Para Lovelock, diminuir a poluição dos gases responsáveis pelo efeito estufa não vai fazer muita diferença a esta altura, e boa parte do que é considerado desenvolvimento sustentável não passa de um truque para tirar proveito do desastre. "Verde", ele me diz, só meio de piada, "é a cor do mofo e da corrupção."
Se tais previsões saíssem da boca de qualquer outra pessoa, daria para rir delas como se fossem devaneios. Mas não é tão fácil assim descartar as idéias de Lovelock. Na posição de inventor, ele criou um aparelho que ajudou a detectar o buraco crescente na camada de ozônio e que deu início ao movimento ambientalista da década de 1970. E, na posição de cientista, apresentou a teoria revolucionária conhecida como Gaia - a idéia de que nosso planeta é um superorganismo que, de certa maneira, está "vivo". Essa visão hoje serve como base a praticamente toda a ciência climática. Lynn Margulis, bióloga pioneira na Universidade de Massachusetts (Estados Unidos), diz que ele é "uma das mentes científicas mais inovadoras e rebeldes da atualidade". Richard Branson, empresário britânico, afirma que Lovelock o inspirou a gastar bilhões de dólares para lutar contra o aquecimento global. "Jim é um cientista brilhante que já esteve certo a respeito de muitas coisas no passado", diz Branson. E completa: "Se ele se sente pessimista a respeito do futuro, é importante para a humanidade prestar atenção."
Lovelock sabe que prever o fim da civilização não é uma ciência exata. "Posso estar errado a respeito de tudo isso", ele admite. "O problema é que todos os cientistas bem intencionados que argumentam que não estamos sujeitos a nenhum perigo iminente baseiam suas previsões em modelos de computador. Eu me baseio no que realmente está acontecendo."
Quando você se aproxima da casa de Lovelock em Devon, uma área rural no sudoeste da Inglaterra, a placa no portão de metal diz, claramente: "Estação Experimental de Coombe Mill. Local de um novo hábitat. Por favor, não entre nem incomode".
Depois de percorrer algumas centenas de metros em uma alameda estreita, ao lado de um moinho antigo, fica uma casinha branca com telhado de ardósia onde Lovelock mora com a segunda mulher, Sandy, uma norte-americana, e seu filho mais novo, John, de 51 anos e que tem incapacidade leve. É um cenário digno de conto de fadas, cercado de 14 hectares de bosques, sem hortas nem jardins com planejamento paisagístico. Parcialmente escondida no bosque fica uma estátua em tamanho natural de Gaia, a deusa grega da Terra, em homenagem à qual James Lovelock batizou sua teoria inovadora.
A maior parte dos cientistas trabalha às margens do conhecimento humano, adicionando, aos poucos, nova informações para a nossa compreensão do mundo. Lovelock é um dos poucos cujas idéias fomentaram, além da revolução científica, também a espiritual. "Os futuros historiadores da ciência considerarão Lovelock como o homem que inspirou uma mudança digna de Copérnico na maneira como nos enxergamos no mundo", prevê Tim Lenton, pesquisador de clima na Universidade de East Anglia, na Inglaterra. Antes de Lovelock aparecer, a Terra era considerada pouco mais do que um pedaço de pedra aconchegante que dava voltas em torno do Sol. De acordo com a sabedoria em voga, a vida evoluiu aqui porque as condições eram adequadas: não muito quente nem muito frio, muita água. De algum modo, as bactérias se transformaram em organismos multicelulares, os peixes saíram do mar e, pouco tempo depois, surgiu Britney Spears.
Na década de 1970, Lovelock virou essa idéia de cabeça para baixo com uma simples pergunta: Por que a Terra é diferente de Marte e de Vênus, onde a atmosfera é tóxica para a vida? Em um arroubo de inspiração, ele compreendeu que nossa atmosfera não foi criada por eventos geológicos aleatórios, mas sim devido à efusão de tudo que já respirou, cresceu e apodreceu. Nosso ar "não é meramente um produto biológico", James Lovelock escreveu. "É mais provável que seja uma construção biológica: uma extensão de um sistema vivo feito para manter um ambiente específico." De acordo com a teoria de Gaia, a vida é participante ativa que ajuda a criar exatamente as condições que a sustentam. É uma bela idéia: a vida que sustenta a vida. Também estava bem em sintonia com o tom pós-hippie dos anos 70. Lovelock foi rapidamente adotado como guru espiritual, o homem que matou Deus e colocou o planeta no centro da experiência religiosa da Nova Era. O maior erro de sua carreira, aliás, não foi afirmar que o céu estava caindo, mas deixar de perceber que estava. Em 1973, depois de ser o primeiro a descobrir que os clorofluocarbonetos (CFCs), um produto químico industrial, tinham poluído a atmosfera, Lovelock declarou que a acumulação de CFCs "não apresentava perigo concebível". De fato, os CFCs não eram tóxicos para a respiração, mas estavam abrindo um buraco na camada de ozônio. Lovelock rapidamente revisou sua opinião, chamando aquilo de "uma das minhas maiores bolas fora", mas o erro pode ter lhe custado um prêmio Nobel.
No início, ele também não considerou o aquecimento global como uma ameaça urgente ao planeta. "Gaia é uma vagabunda durona", ele explica com freqüência, tomando emprestada uma frase cunhada por um colega. Mas, há alguns anos, preocupado com o derretimento acelerado do gelo no Ártico e com outras mudanças relacionadas ao clima, ele se convenceu de que o sistema de piloto automático de Gaia está seriamente desregulado, tirado dos trilhos pela poluição e pelo desmatamento. Lovelock acredita que o planeta vai recuperar seu equilíbrio sozinho, mesmo que demore milhões de anos. Mas o que realmente está em risco é a civilização. "É bem possível considerar seriamente as mudanças climáticas como uma resposta do sistema que tem como objetivo se livrar de uma espécie irritante: nós, os seres humanos", Lovelock me diz no pequeno escritório que montou em sua casa. "Ou pelo menos fazer com que diminua de tamanho."
Se você digitar "gaia" e "religion" no Google, vai obter 2,36 milhões de páginas - praticantes de wicca, viajantes espirituais, massagistas e curandeiros sexuais, todos inspirados pela visão de Lovelock a respeito do planeta. Mas se você perguntar a ele sobre cultos pagãos, ele responde com uma careta: não tem interesse na espiritualidade desmiolada nem na religião organizada, principalmente quando coloca a existência humana acima de tudo o mais. Em Oxford, certa vez ele se levantou e repreendeu Madre Teresa por pedir à platéia que cuidasse dos pobres e "deixasse que Deus tomasse conta da Terra". Como Lovelock explicou a ela, "se nós, as pessoas, não respeitarmos a Terra e não tomarmos conta dela, podemos ter certeza de que ela, no papel de Gaia, vai tomar conta de nós e, se necessário for, vai nos eliminar".
Gaia oferece uma visão cheia de esperança a respeito de como o mundo funciona. Afinal de contas, se a Terra é mais do que uma simples pedra que gira ao redor do sol, se é um superorganismo que pode evoluir, isso significa que existe certa quantidade de perdão embutida em nosso mundo - e essa é uma conclusão que vai irritar profundamente estudiosos de biologia e neodarwinistas de absolutamente todas as origens.
Para Lovelock, essa é uma idéia reconfortante. Considere a pequena propriedade que ele tem em Devon. Quando ele comprou o terreno, há 30 anos, era rodeada por campos aparados por mil anos de ovelhas pastando. E ele se empenhou em devolver a seus 14 hectares um caráter mais próximo do natural. Depois de consultar um engenheiro florestal, plantou 20 mil árvores - amieiros, carvalhos, pinheiros. Infelizmente, plantou muitas delas próximas demais, e em fileiras. Agora, as árvores estão com cerca de 12 metros de altura, mas em vez de ter ar "natural", partes do terreno dele parecem simplesmente um projeto de reflorestamento mal executado. "Meti os pés pelas mãos", Lovelock diz com um sorriso enquanto caminhamos no bosque. "Mas, com o passar dos anos, Gaia vai dar um jeito."
Até pouco tempo atrás, Lovelock achava que o aquecimento global seria como sua floresta meia-boca - algo que o planeta seria capaz de corrigir. Então, em 2004, Richard Betts, amigo de Lovelock e pesquisador no Centro Hadley para as Mudanças Climáticas - o principal instituto climático da Inglaterra -, convidou-o para dar uma passada lá e bater um papo com os cientistas. Lovelock fez reunião atrás de reunião, ouvindo os dados mais recentes a respeito do gelo derretido nos pólos, das florestas tropicais cada vez menores, do ciclo de carbono nos oceanos. "Foi apavorante", conta.
"Mostraram para nós cinco cenas separadas de respostas positivas em climas regionais - polar, glacial, floresta boreal, floresta tropical e oceanos -, mas parecia que ninguém estava trabalhando nas conseqüências relativas ao planeta como um todo." Segundo ele, o tom usado pelos cientistas para falar das mudanças que testemunharam foi igualmente de arrepiar: "Parecia que estavam discutindo algum planeta distante ou um universo-modelo, em vez do lugar em que todos nós, a humanidade, vivemos".
Quando Lovelock estava voltando para casa em seu carro naquela noite, a compreensão lhe veio. A capacidade de adaptação do sistema se perdera. O perdão fora exaurido. "O sistema todo", concluiu, "está em modo de falha." Algumas semanas depois, ele começou a trabalhar em seu livro mais pessimista, A Vingança de Gaia, publicado no Brasil em 2006. Na sua visão, as falhas nos modelos climáticos computadorizados são dolorosamente aparentes. Tome como exemplo a incerteza relativa à projeção do nível do mar: o IPCC, o painel da ONU sobre mudanças climáticas, estima que o aquecimento global vá fazer com que a temperatura média da Terra aumente até 6,4 graus Celsius até 2100. Isso fará com que geleiras em terra firme derretam e que o mar se expanda, dando lugar à elevação máxima do nível de mar de apenas pouco menos de 60 centímetros. A Groenlândia, de acordo com os modelos do IPCC, demorará mil anos para derreter.
Mas evidências do mundo real sugerem que as estimativas do IPCC são conservadoras demais. Para começo de conversa, os cientistas sabem, devido aos registros geológicos, que há 3 milhões de anos, quando as temperaturas subiram cinco graus acima dos níveis atuais, os mares subiram não 60 centímetros, mas 24 metros. Além do mais, medidas feitas por satélite recentemente indicam que o Ártico está derretendo com tanta rapidez que a região pode ficar totalmente sem gelo até 2030. "Quem elabora os modelos não tem a menor noção sobre derretimento de placas de gelo", desdenha o estudioso, sem sorrir.
Mas não é apenas o gelo que invalida os modelos climáticos. Sabe-se que é difícil prever corretamente a física das nuvens, e fatores da biosfera, como o desmatamento e o derretimento da Tundra, raramente são levados em conta. "Os modelos de computador não são bolas de cristal", argumenta Ken Caldeira, que elabora modelos climáticos na Universidade de Stanford, cuja carreira foi profundamente influenciada pelas idéias de Lovelock. "Ao observar o passado, fazemos estimativas bem informadas em relação ao futuro. Os modelos de computador são apenas uma maneira de codificar esse conhecimento acumulado em apostas automatizadas e bem informadas."
Aqui, em sua essência supersimplificada, está o cenário pessimista de Lovelock: o aumento da temperatura significa que mais gelo derreterá nos pólos, e isso significa mais água e terra. Isso, por sua vez, faz aumentar o calor (o gelo reflete o sol, a terra e a água o absorvem), fazendo com que mais gelo derreta. O nível do mar sobe. Mais calor faz com que a intensidade das chuvas aumente em alguns lugares e com que as secas se intensifiquem em outros. As florestas tropicais amazônicas e as grandes florestas boreais do norte - o cinturão de pinheiros e píceas que cobre o Alasca, o Canadá e a Sibéria - passarão por um estirão de crescimento, depois murcharão até desaparecer. O solo permanentemente congelado das latitudes do norte derrete, liberando metano, um gás que contribui para o efeito estufa e que é 20 vezes mais potente do que o CO2... e assim por diante. Em um mundo de Gaia funcional, essas respostas positivas seriam moduladas por respostas negativas, sendo que a maior de todas é a capacidade da Terra de irradiar calor para o espaço. Mas, a certa altura, o sistema de regulagem pára de funcionar e o clima dá um salto - como já aconteceu muitas vezes no passado - para uma nova situação, mais quente. Não é o fim do mundo, mas certamente é o fim do mundo como o conhecemos.
O cenário pessimista de Lovelock é desprezado por pesquisadores de clima de renome, sendo que a maior parte deles rejeita a idéia de que haja um único ponto de desequilíbrio para o planeta inteiro. "Ecossistemas individuais podem falhar ou as placas de gelo podem entrar em colapso", esclarece Caldeira, "mas o sistema mais amplo parece ser surpreendentemente adaptável." No entanto, vamos partir do princípio, por enquanto, de que Lovelock esteja certo e que de fato estejamos navegando por cima das cataratas do Niagara. Simplesmente vamos acenar antes de cair? Na visão de Lovelock, reduções modestas de emissões de gases que contribuem para o efeito estufa não vão nos ajudar - já é tarde demais para deter o aquecimento global trocando jipões a diesel por carrinhos híbridos. E a idéia de capturar a poluição de dióxido de carbono criada pelas usinas a carvão e bombear para o subsolo? "Não há como enterrar quantidade suficiente para fazer diferença." Biocombustíveis? "Uma idéia monumentalmente idiota." Renováveis? "Bacana, mas não vão nem fazer cócegas." Para Lovelock, a idéia toda do desenvolvimento sustentável é equivocada: "Deveríamos estar pensando em retirada sustentável".
A retirada, na visão dele, significa que está na hora de começar a discutir a mudança do lugar onde vivemos e de onde tiramos nossos alimentos; a fazer planos para a migração de milhões de pessoas de regiões de baixa altitude, como Bangladesh, para a Europa; a admitir que Nova Orleans já era e mudar as pessoas para cidades mais bem posicionadas para o futuro. E o mais importante de tudo é que absolutamente todo mundo "deve fazer o máximo que pode para sustentar a civilização, de modo que ela não degenere para a Idade das Trevas, com senhores guerreiros mandando em tudo, o que é um perigo real. Assim, podemos vir a perder tudo".
Até os amigos de Lovelock se retraem quando ele fala assim. "Acho que ele está deixando nossa cota de desespero no negativo", diz Chris Rapley, chefe do Museu de Ciência de Londres, que se empenhou com afinco para despertar a consciência mundial sobre o aquecimento global. Outros têm a preocupação justificada de que as opiniões de Lovelock sirvam para dispersar o momento de concentração de vontade política para impor restrições pesadas às emissões de gases poluentes que contribuem para o efeito estufa. Broecker, o paleoclimatologista de Columbia, classifica a crença de Lovelock de que reduzir a poluição é inútil como "uma bobagem perigosa".
"Eu gostaria de poder dizer que turbinas de vento e painéis solares vão nos salvar", Lovelock responde. "Mas não posso. Não existe nenhum tipo de solução possível. Hoje, há quase 7 bilhões de pessoas no planeta, isso sem falar nos animais. Se pegarmos apenas o CO2 de tudo que respira, já é 25% do total - quatro vezes mais CO2 do que todas as companhias aéreas do mundo. Então, se você quer diminuir suas emissões, é só parar de respirar. É apavorante. Simplesmente ultrapassamos todos os limites razoáveis em números. E, do ponto de vista puramente biológico, qualquer espécie que faz isso tem que entrar em colapso."
Mas isso não é sugerir, no entanto, que Lovelock acredita que deveríamos ficar tocando harpa enquanto assistimos o mundo queimar. É bem o contrário. "Precisamos tomar ações ousadas", ele insiste. "Temos uma quantidade enorme de coisas a fazer." De acordo com a visão dele, temos duas escolhas: podemos retornar a um estilo de vida mais primitivo e viver em equilíbrio com o planeta como caçadores-coletores ou podemos nos isolar em uma civilização muito sofisticada, de altíssima tecnologia. "Não há dúvida sobre que caminho eu preferiria", diz certa manhã, em sua casa, com um sorriso aberto no rosto enquanto digita em seu computador. "Realmente, é uma questão de como organizamos a sociedade - onde vamos conseguir nossa comida, nossa água. Como vamos gerar energia."
Em relação à água, a resposta é bem direta: usinas de dessalinização, que são capazes de transformar água do mar em água potável. O suprimento de alimentos é mais difícil: o calor e a seca vão acabar com a maior parte das regiões de plantações de alimentos hoje existentes. Também vão empurrar as pessoas para o norte, onde vão se aglomerar em cidades. Nessas áreas, não haverá lugar para quintais ajardinados. Como resultado, Lovelock acredita, precisaremos sintetizar comida - teremos que criar alimentos em barris com culturas de tecidos de carnes e vegetais. Isso parece muito exagerado e profundamente desagradável, mas, do ponto de vista tecnológico, não será difícil de realizar.
O fornecimento contínuo de eletricidade também será vital, segundo ele. Cinco dias depois de visitar o centro Hadley, Lovelock escreveu um artigo opinativo polêmico, intitulado: "Energia nuclear é a única solução verde". Lovelock argumentava que "devemos usar o pequeno resultado dos renováveis com sensatez", mas que "não temos tempo para fazer experimentos com essas fontes de energia visionárias; a civilização está em perigo iminente e precisa usar a energia nuclear - a fonte de energia mais segura disponível - agora ou sofrer a dor que em breve será infligida a nosso planeta tão ressentido".
Ambientalistas urraram em protesto, mas qualquer pessoa que conhecia o passado de Lovelock não se surpreendeu com sua defesa à energia nuclear. Aos 14 anos, ao ler que a energia do sol vem de uma reação nuclear, ele passou a acreditar que a energia nuclear é uma das forças fundamentais no universo. Por que não aproveitá-la? No que diz respeito aos perigos - lixo radioativo, vulnerabilidade ao terrorismo, desastres como o de Chernobyl - Lovelock diz que este é dos males o menos pior: "Mesmo que eles tenham razão a respeito dos perigos, e não têm, continua não sendo nada na comparação com as mudanças climáticas".
Como último recurso, para manter o planeta pelo menos marginalmente habitável, Lovelock acredita que os seres humanos podem ser forçados a manipular o clima terrestre com a construção de protetores solares no espaço ou instalando equipamentos para enviar enormes quantidades de CO2 para fora da atmosfera. Mas ele considera a geoengenharia em larga escala como um ato de arrogância - "Imagino que seria mais fácil um bode se transformar em um bom jardineiro do que os seres humanos passarem a ser guardiões da Terra". Na verdade, foi Lovelock que inspirou seu amigo Richard Branson a oferecer um prêmio de US$ 25 milhões para o "Virgin Earth Challenge" (Desafio Virgin da Terra), que será concedido à primeira pessoa que conseguir criar um método comercialmente viável de remover os gases responsáveis pelo efeito estufa da atmosfera. Lovelock é juiz do concurso, por isso não pode participar dele, mas ficou intrigado com o desafio. Sua mais recente idéia: suspender centenas de milhares de canos verticais de 18 metros de comprimento nos oceanos tropicais, colocar uma válvula na base de cada cano e permitir que a água das profundezas, rica em nutrientes, seja bombeada para a superfície pela ação das ondas. Os nutrientes das águas das profundezas aumentariam a proliferação das algas, que consumiriam o dióxido de carbono e ajudariam a resfriar o planeta. "É uma maneira de contrabalançar o sistema de energia natural da Terra usando ele próprio", Lovelock especula. "Acho que Gaia aprovaria."
Oslo é o tipo perfeito de cidade para Lovelock. Fica em latitudes do norte, que ficarão mais temperadas na medida em que o clima for esquentando; tem água aos montes; graças a suas reservas de petróleo e gás, é rica; e lá já há muito pensamento criativo relativo à energia, incluindo, para a satisfação de Lovelock, discussões renovadas a respeito da energia nuclear. "A questão principal a ser discutida aqui é como manejar as hordas de pessoas que chegarão à cidade", Lovelock avisa. "Nas próximas décadas, metade da população do sul da Europa vai tentar se mudar para cá."
Nós nos dirigimos para perto da água, passando pelo castelo de Akershus, uma fortaleza imponente do século 13 que funcionou como quartel-general nazista durante a ocupação da cidade na Segunda Guerra Mundial. Para Lovelock, os paralelos entre o que o mundo enfrentou naquela época e o que enfrenta hoje são bem claros. "Em certos aspectos, é como se estivéssemos de novo em 1939", ele afirma. "A ameaça é óbvia, mas não conseguimos nos dar conta do que está em jogo. Ainda estamos falando de conciliação."
Naquele tempo, como hoje, o que mais choca Lovelock é a ausência de liderança política. Apesar de respeitar as iniciativas de Al Gore para conscientizar as pessoas, não acredita que nenhum político tenha chegado perto de nos preparar para o que vem por aí. "Em muito pouco tempo, estaremos vivendo em um mundo desesperador, comenta Lovelock. Ele acredita que está mais do que na hora para uma versão "aquecimento global" do famoso discurso que Winston Churchill fez para preparar a Grã-Bretanha para a Segunda Guerra Mundial: "Não tenho nada a oferecer além de sangue, trabalho, lágrimas e suor". "As pessoas estão prontas para isso", Lovelock dispara quando passamos sob a sombra do castelo. "A população entende o que está acontecendo muito melhor do que a maior parte dos políticos."
Independentemente do que o futuro trouxer, é provável que Lovelock não esteja por aí para ver. "O meu objetivo é viver uma vida retangular: longa, forte e firme, com uma queda rápida no final", sentencia. Lovelock não apresenta sinais de estar se aproximando de seu ponto de queda. Apesar de já ter passado por 40 operações, incluindo ponte de safena, continua viajando de um lado para o outro no interior inglês em seu Honda branco, como um piloto de Fórmula 1. Ele e Sandy recentemente passaram um mês de férias na Austrália, onde visitaram a Grande Barreira de Corais. O cientista está prestes a começar a escrever mais um livro sobre Gaia. Richard Branson o convidou para o primeiro vôo do ônibus espacial Virgin Galactic, que acontecerá no fim do ano que vem - "Quero oferecer a ele a visão de Gaia do espaço", diz Branson. Lovelock está ansioso para fazer o passeio, e planeja fazer um teste em uma centrífuga até o fim deste ano para ver se seu corpo suporta as forças gravitacionais de um vôo espacial. Ele evita falar de seu legado, mas brinca com os filhos dizendo que quer ver gravado na lápide de seu túmulo: "Ele nunca teve a intenção de ser conciliador".
Em relação aos horrores que nos aguardam, Lovelock pode muito bem estar errado. Não por ter interpretado a ciência erroneamente (apesar de isso certamente ser possível), mas por ter interpretado os seres humanos erroneamente. Poucos cientistas sérios duvidam que estejamos prestes a viver uma catástrofe climática. Mas, apesar de toda a sensibilidade de Lovelock para a dinâmica sutil e para os ciclos de resposta no sistema climático, ele se mostra curiosamente alheio à dinâmica sutil e aos ciclos de resposta no sistema humano. Ele acredita que, apesar dos nossos iPhones e dos nossos ônibus espaciais, continuamos sendo animais tribais, amplamente incapazes de agir pelo bem maior ou de tomar decisões de longo prazo que garantam nosso bem-estar. "Nosso progresso moral", diz Lovelock, "não acompanhou nosso progresso tecnológico."
Mas talvez seja exatamente esse o motivo do apocalipse que está por vir. Uma das questões que fascina Lovelock é a seguinte: A vida vem evoluindo na Terra há mais de 3 bilhões de anos - e por que motivo? "Gostemos ou não, somos o cérebro e o sistema nervoso de Gaia", ele explica. "Agora, assumimos responsabilidade pelo bem-estar do planeta. Como vamos lidar com isso?"
Enquanto abrimos caminho no meio dos turistas que se dirigem para o castelo, é fácil olhar para eles e ficar triste. Mais difícil é olhar para eles e ter esperança. Mas quando digo isso a Lovelock, ele argumenta que a raça humana passou por muitos gargalos antes - e que talvez sejamos melhores por causa disso. Então ele me conta a história de um acidente de avião, anos atrás, no aeroporto de Manchester. "Um tanque de combustível pegou fogo durante a decolagem", recorda. "Havia tempo de sobra para todo mundo sair, mas alguns passageiros simplesmente ficaram paralisados, sentados nas poltronas, como tinham lhes dito para fazer, e as pessoas que escaparam tiveram que passar por cima deles para sair. Era perfeitamente óbvio o que era necessário fazer para sair, mas eles não se mexiam. Morreram carbonizados ou asfixiados pela fumaça. E muita gente, fico triste em dizer, é assim. E é isso que vai acontecer desta vez, só que em escala muito maior."
Lovelock olha para mim com olhos azuis muito firmes. "Algumas pessoas vão ficar sentadas na poltrona sem fazer nada, paralisadas de pânico. Outras vão se mexer. Vão ver o que está prestes a acontecer, e vão tomar uma atitude, e vão sobreviver. São elas que vão levar a civilização em frente."

(Tradução de Ana Ban)

sábado, 1 de fevereiro de 2014

E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.
...Eis que faço novas todas as coisas. Apocalipse 21:4-5a
e toda terra saberá que há Deus em Israel. 1 Samuel 17:46b
Contextualizando podemos dizer assim: e toda terra saberá que há Deus no Brasil

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Abigail e Davi

Hoje li no livro de I Samuel a história de Abigail que com sua prudência impediu Davi de matar a Nabal. Posteriormente Nabal morre e Davi se casa com Abigail.
Gostaria de dispor de tempo para narrar e contextualizar esse lindo trecho bíblico, porém não possuo tempo suficiente neste momento.
Fica a dica de leitura para hoje.

sábado, 18 de janeiro de 2014

E há aquele que não sabe o que é a vida de verdade.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Meditação bíblica de hoje

Em I Samuel 14:36-46 devido a um voto feito por Saul, Jônatas seria morto, pois Saul após o Senhor não falar com Israel naquele dia disse que alguém deveria ter pecado e, ninguém falou quem pecara. Jogando sorte ele descobriu que Jônatas havia pecado, mas o pecado era que Saul proibira de se comer antes que anoitecesse e Jônatas não havia ouvido isso e provou mel. Saul disse que mesmo que fosse seu filho quem pecara seria morto. Porém o povo vendo que Jônatas havia sido usado por Deus não permitiu que Saul o matasse.

Achei lindo o povo defender a Jônatas, muito bonito como o povo de Israel agia quando estava unido. Juntos podemos fazer sempre muito mais que sozinhos.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Pensamento

Num mundo de trevas, a luz é o amor!
Rafael Gonçalves

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Dor emocional

A dor emocional é de longe bem maior que a física. A dor física às vezes passa com remédio, conseguimos muitas vezes vê o local machucado e perceber que a ferida está cicatrizando; a dor emocional não.
Às vezes nem sabemos o motivo da dor, não sabemos como tratá-la, não sabemos se a ferida está aberta, está crescendo ou diminuindo. Ela toma conta de tudo e nos leva a mais terrível das experiências, ao descontentamento da vida, nos leva ah, sim nos leva a um abismo que parece não ter fim.
A psicologia, a religião e outras ciências nos ensinam meios de cura, que funciona para alguns, mas não para todos. O confessar ou compartilhar com alguém a dor que está sentindo ajuda muito, mesmo que não resolva totalmente, ameniza.
Eu li uma vez que, o vazio que sentimos é nossa alma buscando Deus, e que só seremos completos quando estivermos junto a Ele.
Acredito que a maior parte da dor emocional se atribui a esse vazio, que por mais próximos que estejamos de Deus só seremos completos junto a Ele literalmente. Mas há outras causas da dor. Quando sinto essa dor, me aproximo mais de Deus e não sei o que falar, mas peço que Ele interprete a dor e as lágrimas em forma de oração. Minhas orações mais sinceras não são feitas com palavras.

Rafael

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Pensamento de hoje

Gostaria de saber quando o mundo real deixou de ser importante e o de aparências usurpou seu lugar. Quando as aparências se tornaram mais importante que tudo, quando os valores se inverteram, quando o que se tem superou o que se é, quando o mundo onde eu nasci começou a existir.

Rafael G Queiroz